Pep Guardiola é o gênio que o futebol enxerga como melhor técnico do mundo e autor de ideias brilhantes que deixam adversários e torcedores pasmos. Foi ele, por exemplo, que viu em Lionel Messi a capacidade de ser o falso 9 que marcaria toda uma geração de conquistas do Barcelona.
Mas no Bayern de Munique, a grande ideia que mudou a equipe de patamar não partiu do cérebro do comandante que atualmente está no Manchester City, e sim de Domènec Torrent, o espanhol de 58 anos que está prestes a ser anunciado pelo Flamengo. O acordo deve ser oficializado até esta quinta-feira (30).
A história está no livro “Guardiola Confidencial”, traduzido pela editora Grande Área no Brasil e que conta, em detalhes, a primeira temporada de Pep no futebol alemão.
Torrent seguiu o amigo e tornou-se auxiliar-técnico, após anos como analista do Barça.
O trabalho no Bayern não começou da maneira que todos imaginavam, até pelos problemas físicos do elenco (Schweinsteiger, por exemplo, foi ausência nos primeiros jogos). Com o peso de ter perdido o título da Supercopa da Alemanha para o Borussia Dortmund, de Jurgen Klopp, a equipe se preparava para enfrentar o Chelsea, de José Mourinho, na decisão da Supercopa da Europa, em agosto de 2013.
A equipe inglesa saiu na frente e tinha domínio da partida na primeira meia-hora de jogo, até que Domènec Torrent puxou Pep e tirou um coelho da cartola: “E se colocássemos Lahm de volante?”
Guardiola, sem hesitar, gesticulou aos jogadores, mexeu na configuração tática e viu o nascer de um Bayern histórico. Ele já havia tentado Lahm como meia-central, mas não ainda como volante, posição em que atuava Kroos. A partir da mudança, o clube alemão buscou o empate, ganhou a taça nos pênaltis e deu início a uma arrancada que marcou época no país.
“As palavras de Dome foram chaves. Se ganharmos alguma coisa nesta temporada, será em razão daquele dia. Ouça bem o que digo: se ganharmos alguma coisa nesta temporada, será por causa de Lahm. Porque posicioná-lo como volante foi o que reordenou todas as peças”, admitiu Guardiola ao autor do livro, Marti Perarnau.
E o Bayern ganhou.
Além da Supercopa, venceu o Mundial de Clubes, a Copa da Alemanha e a Bundesliga, faltando somente a Champions League, em que foi eliminado na semifinal pelo futuro campeão, o Real Madrid. Guardiola e Torrent ficaram até 2016 no clube, tempo suficiente para ganharem mais duas vezes o Campeonato Alemão e outra copa local.
Muito por causa da ideia do espanhol.
A mudança de posição de Lahm beneficiou diretamente um jogador do elenco bávaro. Rafinha, reserva do capitão, passou a ser presença constante no time titular de Guardiola, atuando como lateral, mas ajudando na criação por dentro, em uma espécia de 2-3-5 configurado pelo treinador. Agora, o atleta rubro-negro deve reencontrar Torrent, o responsável direto por fazer a engrenagem de Munique funcionar.
Fará o mesmo com o Flamengo? Só o tempo dirá.