Sem categoria

Início do Brasileirão mostra que protocolo da CBF tem muitas falhas





Fonte do post YAHOO ESPORTES

O Campeonato Brasileiro da Série A começou neste sábado (8), mesmo dia em que o Brasil chegou a 100 mil mortos por causa da Covid-19. E tudo o que aconteceu antes da suspensão da partida entre Goiás e São Paulo mostra novamente por que não deveríamos ter futebol, ainda mais com a já comum desorganização do esporte no Brasil.

Atendendo ao protocolo criado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Goiás disponibilizou 26 atletas para fazerem testes na última quinta (6), mas devido a um problema na coleta das amostras por um laboratório parceiro do Hospital Israelita Albert Einstein, os atletas precisaram refazer os testes na manhã de sexta. De acordo com a CBF, o laboratório “falhou no acondicionamento das amostras”.

Leia também

Com a nova data de coleta, o Goiás só recebeu os resultados às 8h30 deste domingo, menos de oito horas antes do jogo. E dos 26 atletas testados, dez deles testaram positivo. Segundo a assessoria de imprensa do clube, oito dos dez que testaram positivo seriam titulares contra o São Paulo. Em entrevista à TV Globo, o presidente do Goiás, Marcelo Almeida, afirmou que a equipe estava sem goleiro.

Só isso deveria ser o suficiente para que o jogo fosse suspenso, já que os dez atletas que testaram positivo tiveram contato com os outros jogadores do clube recentemente. O mais prudente seria que todos eles e os funcionários do Goiás fossem colocados em quarentena para evitar o problema, mas é claro que não seria feito o mais prudente.

Enquanto o Goiás tentava a suspensão da partida, a CBF não se manifestava oficialmente. Muito menos o rival São Paulo, que parecia 100% confortável em colocar seus jogadores em risco e até colocou seu time em campo. Já dentro de campo no Estádio da Serrinha, em Goiânia, os tricolores foram informados da suspensão da partida pelo árbitro.

De acordo com o jornal O Globo, a suspensão foi determinada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) poucos minutos antes do jogo, quando o São Paulo já estava em campo e transmissão em TV aberta tinha começado.

Toda a indecisão da CBF sobre o jogo só mostra que o protocolo para o início do campeonato durante a pandemia é extremamente falho.

A CBF estima que 300 pessoas podem ser envolvidas na realização de cada partida, mas só cerca de 80 destas pessoas terão testes pagos pela CBF e quase todas as outras terão apenas sua temperatura aferida e terão que responder questionários sobre a Covid-19 antes de entrar no estádio.

Piora quando a situação vai para as séries inferiores. Segundo Pedro Alves, repórter do Globo Esporte na Paraíba, todos os clubes da Série C viajaram sem saber os resultados de seus exames. Alguns clubes tiveram que passar por dois ou mais aeroportos para chegar em seus destinos, colocando em risco não só os jogadores como a população “comum”. O Imperatriz, do Maranhão, teve 12 positivos em 19 jogadores e só descobriu quando já estava em Campina Grande (PB), depois de uma grande saga, para enfrentar o Treze. O jogo foi suspenso pela CBF e o time maranhense estuda o que fazer.

Por mais que a volta do futebol do Campeonato Carioca seja bastante errada, a tão criticada Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) fez um trabalho melhor em seu protocolo, exigindo testes de todas as pessoas que entravam no estádio.

É óbvio que o futebol não deveria retornar durante uma pandemia tão grande quanto a do coronavírus, mas a decisão fica ainda mais grave quando se vê um protocolo falho e cheio de problemas como o criado pela CBF.

Com o grande número de jogos do calendário brasileiro, existe uma necessidade de que os testes sejam realizados rapidamente e que o protocolo seja melhor. Mas aí chegamos a um ponto importante: não é a ciência que tem que se adaptar ao futebol, mas sim o esporte que tem se adaptar e respeitar o processo da ciência sobre uma doença que mesmo os principais pesquisadores da área no mundo inteiro ainda não conhecem tão bem.

As ligas de futebol que retornaram na Europa tiveram sucesso porque aplicaram protocolos rígidos e um alto nível de testagem por semanas antes do retorno. As ligas americanas de basquete e hóquei – NBA e NHL, respectivamente – criaram ambientes fechados e controlados para garantir um retorno seguro a todos, e tem funcionado muito bem para as duas.

No exemplo mais parecido com o Brasileirão, com viagens longas e mais liberdade para os clubes e jogadores, a liga americana de beisebol (MLB) teve inúmeros problemas. Alguns times tiveram surtos de coronavírus e jogos cancelados, alguns adversários tiveram que fazer quarentena em hotéis em outras cidades e o Toronto Blue Jays nem pode mandar jogos em Toronto porque o governo canadense estava preocupado com o protocolo (ou a falta dele) da MLB.

A organização do futebol brasileiro já é lamentável normalmente, mas piorou ainda mais durante a pandemia. Os clubes enfrentam problemas financeiros por não entrar em campo, o calendário cheio esvazia a primeira rodada do maior campeonato nacional. os protocolos de segurança são bem falhos e os responsáveis se omitem ou demoram a tomar decisões importantes.

Siga o Yahoo Esportes no Instagram, FacebookTwitter e YouTube

Gosta de dicas de futebol para investimento desportivo? Então visita agora mesmo Palpites Copa do Mundo e prepara-se para viver a emoção do maior campeonato do planeta.