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Neymar exaltado por Iniesta, e Podolski, ‘sacana’, procurado pelo Flamengo: Wellington Tanque revela bastidores de time no Japão





Fonte da matéria ESPN BRASIL

Não deve ser fácil se reacostumar ao futebol e aos campos brasileiros depois de passar duas temporadas recebendo lançamentos de Iniesta, tabelando com David Villa e até mesmo discutindo com Podolski.

“Em campo, ele é muito chato”, disse Wellington Tanque, entre risos, sobre o alemão, ao ESPN.com.br.

Mas o jogador que estreia com o Botafogo-SP contra o Cruzeiro, no sábado, pela segunda divisão do Campeonato Brasileiro, escolheu retornar ao Brasil, e ao time de Ribeirão Preto, por outros motivos.

“Fazia muito tempo que eu tinha saído do País. Joguei muito tempo fora e surgiu essa vontade. Tive a oportunidade de aproveitar esse momento para poder voltar para cá e voltei”, explica.

“Ribeirão fica bem mais perto de Ourinhos que o Japão, e isso é legal para toda familia poder acompanhar de perto. Fico muito feliz de ter retornado e de estar jogando. A pandemia atrapalhou muito, não só a mim, mas ao mundo todo, e espero que o futebol volte ao normal”, diz.

Em pouco tempo de Brasil, Wellington sentiu rapidamente o gosto de cair nas graças da torcida – e não só da do Botafogo.

Ao marcar pela primeira vez pelo clube de Ribeirão, contra o Guarani – primeiro gol da vitória por 2 a 0 -, Wellington virou também herói dos corintianos, já que a vitória sobre o Bugre deu sobrevida ao time do Parque São Jorge, que chegaria até a final do Campeonato Paulista.

Wellington virou até meme, com uma montagem que colocou sua cabeça, num tamanho desproporcional, saindo da escotilha de um tanque de guerra, como se o corpo do jogador fosse o veículo bélico.

“Eu vi esse meme, me enviaram”, contou ele. “Dei risada”.

Entrosamento com Iniesta

O período no Vissel Kobe, porém, ao lado dos três campeões mundiais – os espanhóis na África do Sul, em 2010; e Podolski pela Alemanha, em 2014 – será sempre lembrado pelo atacante. Não é todo mundo, afinal, que pode se gabar de se comunicar com Iniesta só pela movimentação em campo, sem necessidade de palavras.

“Pelo nosso entrosamento, ele ensinava: “Quando eu pegar a bola e me deslocar para a esquerda, quero que você se posicione para receber em profundidade. E quando eu partir para a área de frente, quero que você faça o pivô”, revelou ele.

Embora seja estrela e um dos maiores meias deste século, o ex-jogador do Barcelona é um cara de trato fácil e muito educado, contou Tanque.

“Ele conversava bem normal, como se fosse um grande amigo. Mais até do que ele jogando, impressionavam a simpatia e a simplicidade. Ele é daqueles que manda mensagem perguntando da família, como estou…”, diz ele.

“Mas é impressionante o que aquele cara faz nos treinamentos e nos jogos, como joga futebol sem fazer força. Eu me impressionava a cada treino e jogo, mas mais ainda com a simplicidade dele. Jantamos juntos, e ele puxava assunto, se interessava”, conta.

“Ele é tão habilidoso quanto humilde. Cumprimenta da mesma maneira o presidente e o roupeiro, sem desmerecer. Ele conversava com todo mundo, tratava igual e isso a gente aprende”, diz. “Mas é um cara tímido”.

“Fiquei feliz (de ter jogado com ele), porque foi uma experiência incrível e que eu não esperava. Acrescentou muito. Evoluí demais como atleta, ouvi muitos conselhos, mas também aprendi muito sobre como me comportar”, afirma.

Mesmo com toda a amabilidade de Iniesta, Wellington ficava receoso de perguntar sobre o tempo dele no Barcelona, para não parecer incoveniente.

“Ficava constrangido. Eu pensava o que eu ia perguntar para ele, mas eu não queria perguntar do Barcelona”, diz.

Mesmo assim, é claro, o assunto surgiu, até porque, o compatriota Neymar também era tópico de conversas.

“Ele sempre comentava que o Messi era o melhor que já viu jogar”, conta. “E ele dizia que o Neymar, quando o Messi não estava, era quem carregava o time nas costas”, conta o jogador.

Quase brasileiro

Wellington Tanque também teve boa relação com Lukas Podolski. Segundo ele, aliás, isso pode se dever ao fato de o alemão nem parecer ser um germânico.

“O Podolski virou brasileiro”, diz ele, já rindo por antecipação das peripécias do atacante, para quem ele era Well – para os japoneses, para quem o som do “L” é difícil de falar, ele era “Weri” .

“Ele sacaneava todo mundo, pegava roupa do pessoal e pendurava pelo vestiário. Tinha um dos goleiros que, no dia de uma viagem, o Podolski pegou o tênis dele, que ele iria usar, e pintou”, conta.

“Se ele viesse jogar no Brasil, não ia ter dificuldade nenhuma. Era um p. de um sacana. Quando estava todo mundo quieto, concentrado, do nada ele sacaneava alguém do time ou da comissão”, revela.

Nem o todo poderoso Hiroshi Mikitani, dono do clube e CEO da Rakuten, patrocinadora do Barcelona, escapava do alemão.

“Às vezes, o dono ia lá visitar, parabenizar, enfim, fazer algo sério. E ele interrompia para pedir ‘bicho’, e quebrava a tensão”, relembra-se o jogador.

“Quando juntava um grupo de brasileiros, ele falava palavras em português e tentava imitar o nosso ritmo de fala, principalmente com o (zagueiro) Dankler, que é baiano”.

A conversa devia trazer boas lembranças ao jogador. Afinal, a Bahia foi a base da seleção alemã durante a Copa do Mundo de 2014, conquistada por Podolski e seus companheiros de 7 a 1.

O Brasil não saía mesmo da boca do jogador, que perguntava muito sobre o futebol daqui, em especial do Flamengo, cuja torcida o adotou durante o Mundial – e vice-versa – depois que ele posou para uma foto com uma camisa do clube – coincidentemente muito parecida com o uniforme 2 da Alemanha na Copa disputada aqui.

Wellington diz que, principalmente no ano passado, quando Jorge Jesus estava no Rubro-Negro, Podolski fazia muitas perguntas sobre o futebol no Brasil.

“Ele perguntava muito sobre o Flamengo, mas também sobre Corinthians, São Paulo e Santos“, diz.

“Queria saber se o salário se atrasava. Ele parecia interessado e comentou que teve uma proposta do Flamengo. Eu senti dele, especialmente na época do Jesus, que ele tinha interesse, porque foi a época que ele mais perguntou sobre o Brasil”, diz.

“Ele perguntava muito da cidade e do clube. E com o Diego no Flamengo, que jogou na Alemanha, ia ajudar muito. Além do próprio Rafinha. Eles até se conhecem”, diz.

Com estilos tão diferentes, um expansivo e o outro tão tímido, Podolski e Iniesta não eram amigos. Mas tampouco inimigos.

“O Podolski era o centro de tudo, era o estrangeiro mais conhecido, campeão do mundo”, diz Tanque. “Mas daí, chegou o Iniesta, e mudou tudo. Eles não discutiam, mas não eram próximos. Eu era o mais próximo deles todos”, conta o brasileiro.

Se era divertido fora de campo, com a bola rolando, o alemão era um mala.

“Reclama o tempo inteiro, xinga, gesticula. Mas isso é coisa de europeu, já joguei com outros que eram assim”, afirma o jogador, que tem passagens também pelo futebol da Alemanha (Hoffenheim e Fortuna Dusseldorf) e da Holanda (Twente).

Permanecer

Wellington Tanque tem contrato com o Botafogo-SP até o fim do ano e não pensa em deixar de cumpri-lo.

“Tenho portas abertas no futebol japonês e na Coreia. Tive propostas do mundo árabe, mas meu foco é estar aqui, quero terminar a Série B, terminar um campeonato no Brasil, praticamente não joguei aqui como profissional”, diz ele

“Eu quase fui paro o Botafogo do Rio. O treinador na época, o Zé Ricardo, me ligou, perguntou da minha vontade e claro que eu queria. Só que aí veio o Diego Souza. Mas eu tinha o aval do técnico”.

“Aqui (no Brasil) vai ser uma experiência legal de jogar, porque vocês está sempre motivado, tem cobrança de tudo quanto é lado”, diz.

“No Japão, o Podolski até me perguntou se tinha muito cobrança da torcida. Eu eu falei a verdade: tem e muita”, conta. “Não vai pensando que é como na Europa, que dá para ir para um cinema ou restaurante em paz se o time perde”, disse, entre risos,

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