O Atlético-MG reestreia no Campeonato Mineiro no próximo domingo (26) contra o líder do torneio, o América. E não há como negar uma certa expectativa para ver o time alvinegro em campo. Durante a pandemia, o Galo contratou seis reforços (Leo Sena, Alan Franco, Bueno, Junior Alonso, Keno e Marrony), e Jorge Sampaoli teve mais de nove semanas para treinar o elenco.

Em entrevista exclusiva à ESPN, o vice-presidente do clube Lásaro Cândido falou sobre os objetivos para a temporada, a construção do novo estádio, a MP 984 e a ‘disputa’ com o Flamengo.

TÍTULO DO BRASILEIRÃO

Para Lásaro Cândido, com os investimentos e o trabalho sendo realizado na Cidade do Galo dá para o torcedor sonhar com o título do torneio nacional. Mas o dirigente alerta que, mesmo sem Jorge Jesus, o Flamengo ainda é um adversário ‘fortíssimo’.

“Essa perda do Flamengo (saída de Jorge Jesus) é muito considerável, é grave. Mas é um competidor forte porque tem um elenco fortíssimo. Acho que o Sampaoli vá sair. Ele tem aqui em Belo Horizonte, com um Centro de Treinamento modelo, todas as condições de fazer um trabalho que ele gosta de fazer”, diz.

MP 984

Uma das principais mudanças no futebol durante a pandemia foi a MP 984, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro. Ela muda o entendimento e diz que o time mandante é o dono dos direitos de transmissão de uma partida – antes da Medida Provisória, os direitos eram divididos pelas duas equipes.

Para o vice-presidente do Atlético, a solução é solidificar e vender as ligas de forma coletiva, como é feito na Europa. O advogado usa a Premier League como exemplo e diz que, com a MP 984, o futebol brasileiro está indo para um buraco.

“O Flamengo foi lá e conseguiu uma Medida Provisória para resolver um problema dele no Campeonato Carioca. E achou que tinha inventado a roda, que a partir dali ia usar o streaming e estava resolvido. Mas viu que as coisas não funcionam assim. Foi um amadorismo completo. Esse modelo vai continuar fragmentando uma competição que poderia ser negociada coletivamente”, disse Lásaro.

GUARDIOLA X GALO?

A Arena MRV, novo estádio do Atlético que já está em processo de construção, deve ser inaugurado em 2022 – pelo menos é essa data que o clube trabalha.

Para o primeiro jogo no estádio, o Galo pensa em uma partida contra uma equipe ‘top cinco’ do mundo.

“Entre os cinco, seguramente, virá algum time para a nossa inauguração. Eu queria ver um time do Guardiola. Mas evidentemente o Manchester City não tem a projeção que tem um Barcelona, um Real Madrid, uma Juventus… Não sei até lá a gente vai ter Cristiano Ronaldo, Messi, mas a gente precisa desses atores porque vai ser uma grande festa”, diz.

ELEIÇÕES NO ATLÉTICO

No final de 2022, o Atlético terá eleições para presidente do clube. Sérgio Sette Câmara pode se reeleger.

Recentemente, o mandatário do clube trocou ‘farpas’ como presidente do Conselho, Castellar Guimarães. Além disso, Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético e atual prefeito de Belo Horizonte, também já trocou provocações com Sette Câmara.

“A união das forças é importante para o clube. Esses ruídos ocorrem em qualquer clube. Esses ruídos em grupos. É ruim. Acho que as principais forças do clube tem que pensar que a gente tem que deixar essa eleição já para uma parte final. é um tradição no clube que a gnt fale de eleição um mes antes, no maximo, nao poderemos abrir o processo das eleições, se nao a gente cria uma instabilidade que não é boa pro clube”, afirmou Lásaro.

Kalil tem influência no Atlético?

“O Alexandre é um personagem importante do clube, como tem outros personagens também. Eu acho que esse conjunto que forma e dá força ao clube, acho que cada um com seu papel pode ajudar a diminuir o fogo. Não resolve eu fazer pedido. Isso tem que partir da consciência de cada grupo”, completou.

Há doze anos no Atlético, Lásaro Cândido confirma que deixará o cargo no final do ano e descarta se candidatar para presidência do clube.

“Eu já cumpri minha missão. Já tive oportunidade de disputar no segundo mandato do Alexandre, no Sérgio agora mesmo… e eu já afirmei que não tenho pretensão. Mas é uma honra”, disse Lásaro.

ATLÉTICO SEM MENIN

“(Sem o dinheiro do Menin e do Ricardo) O planejamento seria outro, totalmente outro. Primeiro que nem daria para trazer o Sampaoli porque quando você traz um técnico, você tem que fazer os investimentos para aquela filosofia de jogo. A gente não pode dizer que o Atlético estava inviável, mas teria que ser com outros fundos, com um técnico um pouco mais modesto”, diz Lásaro.

OS PROBLEMAS DO SANTOS

“Se o jogador está liberado pelo sistema judiciário, ele está liberado. Não tem problema ético nisso. Teria se fosse um clube assediando um jogador. Mas o fato de ele ingressar em juízo e eventualmente conseguir a liberação dos direitos, não tem problema nenhum. Não resolve o Peres tentar ameaçar. O clube que contratar só tem que saber que a liminar pode ser cassada”, diz Lásaro.